JOÃO BEBE
ÁGUA E SUAS HISTÓRIAS .
Há Aqueles que afirmam que João Bebe Água nasceu em são Cristóvão, porém indícios das investigações apontam Itaporanga D’ajuda (família Borges). Sabe-se, pelos registros, que o provável ano do seu nascimento foi 1823. O Filho do Capitão Francisco Borges da Cruz veio de uma família pequena, tendo apenas um irmão Silvério da Costa Borges. Casou-se aos 50 anos. Seu contemporâneo Serafim Santiago, no Anuário Cristovense, lembra: “já o encontrei viúvo”.
Documentação digitalizada da Confraria Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos. Ata de posse da nova diretoria onde aparece João Nepomuceno Borges ( João Bebe Agua ). Acervo do Arquivo do Judiciário Sergipano.
José Nepomuceno Borges, o famoso João Bebe água, não foi só um homem que vendia e bebia muita cachaça (o que a História rotulou durante estes tempos). Teve uma vida pública ativa chegando a ocupar o cargo de Presidente da Câmara dos Vereadores de São Cristóvão, época que também foi presidente de uma irmandade ocupando o cargo de chefe alfandegário em Laranjeiras e Santo Amaro das Brotas. Aprendeu a ler e a escrever, contudo não se sabe onde e/ou com quem estudou. De acordo com as pesquisas de Fragata, João Bebe Água foi indicado para o Cargo de Escrivão Interino da Alfândega e Mesa de Rendas em Março de 1836 (ano da Revolta de Santo Amaro e da Emancipação de Rosário do Catete).
Com a Revolta de Santo Amaro foi transferido para Laranjeiras em janeiro de 1837 com uma nova nomeação de Amanuense Interino, sendo demitido no mesmo ano. Leva-se a crer que se tratava de um homem inteligente com uma formação desejável para a os serviços alfandegários. Segundo o historiador Sebrão Sobrinho, em 1837 recebe um convite para ocupar mais um Cargo de Patrão-mor da Mesa de Rendas da Barra dos Coqueiros, antes conhecida como barra da cidade. Sabemos que neste período João Bebe Água residiu em São Cristóvão na rua que hoje leva o seu nome (antes conhecida como quarteirão nº 19, rua Varadouro e rua da Nova Constituição). Em meados de 1847 João Nepomuceno Borges já estava envolvido com a política local, tinha ideias conservadoras e uma vida ativa na sociedade São Cristovense.
( Nossa Senhora do Amparo( Confraria) Petição que envolve a posse do Sítio Pituba, o qual foi dado à Irmandade com a finalidade de produzir lucros suficientes para ornato da Capela e sustentar o culto divino. Há referência a autorização concedida pelo Primeiro Tabelião do Público Judicial e Escrivão das Capelas para a venda das casas existentes no sítio e aplicar sua importância no retábulo da Igreja e pagamento das dívidas da mesma.) - Data do documento: 05/09/1863 - SCR/C. 1º OF - Bens Religiosos Cx. 01/127 )
Além de participar da vida política, social e religiosa da cidade, tinha como um complemento de renda, em sua própria casa, uma bodega que vendia vários gêneros alimentícios e bebidas em geral. Com a disputa de poder dos coronéis da Cotinguiba e Vaza-barris de um lado os políticos das cidades de Itaporanga, Estância e Santa Luzia, do outro os coronéis da região da cana-de-açúcar encabeçados por João Gomes de Melo (Barão de Maruim) articula com os deputados da província para transferir a capital de São Cristóvão para o arraial de Aracaju. Toda a articulação da mudança foi feita por João Gomes de melo em 17 de março de 1855 e pelo Presidente Provincial Inácio Joaquim Barbosa. Assinatura da Resolução nº 413 de 17 de março de 1855.
São Cristóvão ao deixar de ser capital da província mudou a sua vida política e social já que João Bebe Água fazia parte do Partido Liberal. Após a mudança lutou para que São Cristóvão voltasse a ser a capital, morrendo sem ver seu sonho se concretizar. Durante os anos que sucederam a transferência da capital o “jacobino sancristovense” manteve o juramento de não pisar em Aracaju, período que observou piamente suas obrigações religiosas. João Nepomuceno Borges era membro da Irmandade do Amparo dos Homens Pardos, frequentando a igreja do orago regularmente. Nessa irmandade, ele desempenhou quase todas as funções: foi sineiro, zelador, sacristão, tesoureiro, avalista e procurador. Conforme escreveu Felisbelo Freire, a população sancristovense e a Câmara de Vereadores não assistiram passivamente ao processo de transferência das repartições públicas. Mesmo que João Bebe-Água não tenha arregimentado 400 homens na praça da Matriz para evitar a mudança, como "romantizou" Manoel dos Passos; o que dizer da ação terrorista de Manuel Francisco Santiago, esse "Nero" sancristovense, inconformado com a mudança foi preso em 31 de janeiro de 1858, portando tochas acesas para queimar as palhoças aracajuanas.
O que dizer do projeto de lei de 1864, redigido pelo advogado José Florêncio dos Santos, defendendo o retorno da capital. Otimista, João Bebe-Água mudou de ocupação depois da falência nos negócios. Descobertas recentes revelam que foi vereador e chegou a ocupar cargo de Juiz de Paz na cidade. Era fiscal da Câmara em 1872. Antes arrendou terras no povoado Caípe, o que possibilitou sua volta ao comércio. Dariophanio de Campos escreveu em seu livro que João Bebe-Água publicou trabalhos no pasquim do partido sob pseudônimo de Nunes Machado. Contudo, Nunes Machado era, à época, o principal ícone do partido liberal no Brasil sendo assassinado a frente dos revoltosos da rua da Praia, em Recife, na eclosão da Revolução Praieira em 31 de dezembro de 1848. Em um artigo publicado no Sergipe Jornal em 17 de março de 1939 por Pedro machado existe uma controvérsia quanto ao ano de morte de João Bebe-Água.
Os contemporâneos se atrapalham, Manoel dos Passos de Oliveira Teles publicou Sergipenses em 1896, mas seu artigo-epitáfio é datado de 1895, Serafim Santiago afirma que o "homem misterioso faleceu em 1896". Em anos recentes, João Pires Wynne datou o enterro em 1896, sem apresentar provas; por outro lado Sebrão Sobrinho chegou a afirmar que o rebelde de São Cristóvão morrera em 1890. Algumas pesquisas estão surgindo e novas fontes aparecendo sobre essa figurara lendária que a historiografia Sergipana deve muita uma reparação histórica de um Sergipano sancristovense que lutou por sua cidade, exemplo de luta de resistência contra tudo e contra todos que queria tirar o status de capital de sua amada cidade. João Bebe Água vive na memória do povo de Sergipe, nas lembranças do povo Sancristovense. .
Ultimamente o confrade da Confraria Sancristovense Luiz Carlos Freire, pesquisador memorialista tem buscando incessantemente, fatos sobre o João Bebe Água, em jornais de época, em processos e inventários , livros das ordens religiosas e nas Atas da Câmara Municipal. Hoje a busca de se fazer um justiçamento historiográfico, faz parte dos objetivos da Confraria Sancristovense. Estamos todos , todos os confrades engajados neste projeto. A CONFRARIA FOI CRIADA PARA ESSE OBJETIVO. .Trazer novas abordagens da nossa História .
MEMBROS FUNDADORES DA CONFRARIA :
Adailton dos Santos Andrade, Luiz Carlos Freire França. José Mateus Santos Oliveira. Kaique Alex Santos de Andrade. Fábio André Santos da Silva. Maurício Barros Santos. José Valmir dos Passos. Alexnaldo dos Santos Neres. Diego Prado Souza dos Santos. Manoel Ferreira Santos Filho, Sayonara Rodrigues Viana e outros membros no quadro de correspondentes, honorários e beneméritos.
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SANTIAGO, Sant’Iago. Annuario Christovense ou Cidade de São Christovão. São Cristóvão: Editora da UFS, 2009, p. 177-178.
ATAS do Arquivo Municipal de São Cristovão






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