domingo, 24 de outubro de 2021

História Franciscana em Sergipe Del Rey


 

OFS - A Ordem Franciscana Secular tem suas origens no século XIII, quando leigos manifestaram o desejo de seguir os passos de São Francisco de Assis, seu fundador e fonte de inspiração. No início de sua história vê-se reconhecida pela Igreja como irmãos e irmãs da penitencia. O Papa Gregório IX em 20 de maio de 1221 aprova a primeira Regra “Memoriale Propositi” com a primeira denominação Ordem da Penitência. Em 18 de agosto de 1289 o Papa franciscano Nicolau IV, com a Bula “Supra Montem” reconhecia São Francisco como fundador da Ordem da Penitência e a denominava de Ordem Terceira de São Francisco. 

 

                              
 
 

No século XVIII a Ordem Terceira foi duramente atingida com a supressão da Ordem decretada por José II, Napoleão e outros. Com a Revolução Francesa os terceiros viram-se fragilizados e pagaram com a própria vida sua fidelidade a Igreja. Na segunda metade de século XIX a Ordem Terceira ressurgiu com nova força, fazendo uso da impressa e grandes personalidades, e muitos santos. O Papa Leão XIII com a Constituição Misericordioso Dei Filius promulgou uma nova Regra em 1884. Ele colocou na Ordem suas esperanças e preferências e exortou calorosamente que a propagassem por toda a parte, e novamente a Ordem floresceu. Em 1966 a Sagrada Congregação dos Religiosos concedeu a Ordem Terceira a “faculdade de atualizar-se”

 


 

O Conjunto Arquitetônico da Praça e do Convento de São Francisco é um dos mais expressivos remanescentes dentre os que foram edificados pela Ordem Franciscana e pelas Irmandades consorciadas na Colônia Portuguesa do Brasil. Em São Cristóvão, a ampla praça criada à frente da igreja remete claramente a Lei IX das Ordenações Filipinas. Este fato a torna singular não só entre as demais praças de São Cristóvão - a do Carmo e da Matriz - como também se comparada com as praças ou adros dos conventos franciscanos de Penedo, Igarassu e João Pessoa, por exemplo. É a única onde o Convento se debruça sobre a praça. Os demais se abrem para um adro ou mesmo para a rua, como em Penedo. Ao mesmo tempo, constitui-se local e objeto referencial tanto para a vida atual e pretérita da cidade, como para a porção de arquitetura religiosa na cultura europeia adaptada aos trópicos americanos. Também sob este aspecto diferencia-se das demais que não possuem essa característica de forma acentuada como a de São Francisco a lembrar ainda mais a tradicional “Plaza Mayor” espanhola. Nesse sentido a Praça São Francisco representa um registro integro e  um fenômeno urbano singular no Brasil, que tem como contexto um período representativo de sua história: a aliança das coroas portuguesa e espanhola sobre o domínio dos reinados de Felipe II e Felipe III.

 


As Ordens Religiosas tiveram papel determinante no processo de formação da sociedade brasileira no período colonial. Nesse contexto, a história do Brasil também foi influenciada pelo trabalho dos franciscanos; porém a ação dos franciscanos não tem sido analisada devidamente apesar de sua importância histórica e cultural, inclusive para a história da educação. A descoberta da América possibilitou grande movimento de expansão e renovação entre os franciscanos no início dos Tempos Modernos, em especial no que se refere ao processo de catequização e de formação para atuar nas Missões. No entanto, os franciscanos ocupam pouco espaço não só na estante de história do Brasil como na história da educação no Brasil.

 


São Cristóvão foi fundada em fins do século XVI, por Cristóvão de Barros, sendo também nessa época transferida para o local, a sede da capitania do Sergipe d'El Rey. Em 1636 a cidade foi invadida, assaltada e incendiada pelos holandeses, só retomando ao controle dos portugueses em 1645. Em 1855, a capital da província de Sergipe foi transferida para Aracajú. O convento de Santa Cruz também é conhecido como São Francisco. O terreno onde se encontra o convento de Santa Cruz foi doado pelo Sargento-mor Bernardo Correa Leitão através de escritura emitida em 1659. A pedra fundamental para o convento só foi lançada em 1693. O capital investido na construção foi conseguido através de esmolas recolhidas entre a população da cidade. 

 


Durante o século XIX as instalações do convento foram utilizadas pela Assembleia Provincial, bem como pela Tesouraria-Geral da província. As tropas que foram combater os revoltosos de Canudos, em 1897, ficaram hospedadas naquele local. A construção ficou abandonada até 1902, quando foi reformada por frades alemães. Atualmente, o convento abriga o Museu de Arte Sacra. A igreja possui pórtico formado por quatro arcos em pedra. O pórtico é fechado por gradil em ferro. Na parte superior o frontão é formado por volutas e possui nicho em seu centro. Logo abaixo temos óculo encimado por cornijamento, que neste trecho forma um arco. Mais abaixo encontramos três janelas de ombreiras decoradas, verga curva, envidraçadas com vedação em guilhotina. A construção possui torre lateral única com janela semelhante às anteriores, mas possuindo vedação em treliça. As janelas sineiras possuem vãos em verga curva. A torre é encimada por coruchéus. A portada da igreja possui ombreiras trabalhadas em pedra e folhas almofadas. No interior, a capela-mor possui altar com dossel sustentado por oito colunas torsas com entalhamento dourado e nicho central. 

 


O arco cruzeiro é realizado em madeiramento com entalhes dourados e escudo. A nave possui dois altares laterais com colunas torsas, entalhes em motivos fitomórficos e douramento. As tribunas possuem balaustrada em madeiramento e o púlpito é realizado em madeiramento decorado. A separação entre a nave e a capela-mor é feita através de gradil em balaústres. O coro também possui balaustrada em madeiramento. O convento está localizado à direita da igreja. A construção possui portada com ombreiras em pedra, verga curva e vedação em folhas almofadadas. A portada é encimada por cimalha e escudo. As janelas possuem ombreiras em pedra, verga curva, cimalha e vedação em folhas almofadadas. No piso superior existem balcões com guarda-corpo em ferro. O telhado é em duas águas, possuindo pináculos e cruz. A parte interna possui claustro cercado por arcadas em pedra. A parte interna dos arcos é decorada com motivos florais, enquanto a externa é feita quase que somente por motivos geométricos. 

 


O guarda-corpo da varanda também possui decoração em motivos geométricos. No telhado o beiral é sustentado por cachorros. Em frente ao convento há um cruzeiro com base de pedra e cruz de madeira.

 


Ordens religiosas – jesuítas, beneditinas, carmelitas e franciscanas – espalharam seus estabelecimentos por todo o Brasil, mantendo um controle inter-regional, com ordens ditadas pela metrópole, mas que não as impediu de desenvolver formas originais locais, sobretudo nos templos franciscanos. Particularmente, os conventos construídos entre Pernambuco e da Bahia foram analisados e denominados por Germain Bazin como a “Escola Franciscana do Nordeste”. A autorização para construção de qualquer igreja, convento ou paróquia no Brasil estava subordinada ao Rei, por intermédio da Ordem de Cristo, da qual era o supremo senhor. Aprovações de qualquer obra na colônia aguardavam a resposta de Portugal por longos anos. Entre outras exigências, havia a preocupação até com a provisão de recursos para tal. A presença da Ordem Franciscana foi materializada a partir de 1585, com a fundação do primeiro convento em Olinda, seguindo, após, a implantação de vários outros. Até a época da invasão do Brasil pelos holandeses, cinco já existiam. Danificados pelos invasores ao término da ocupação holandesa (após 1650), os conventos foram reconstruídos, ampliados e novas construções foram retomadas. Em 1657, o Governador Geral do Brasil, Francisco Barreto, atendendo solicitação dos habitantes de São Cristóvão, aprovou a abertura da casa conventual da Ordem. Somente no ultimo decênio do século XVII foi lançada a primeira pedra do Convento e Igreja São Francisco, cujas obras se prolongaram durante boa parte do século seguinte.

 Continua ...

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