HENRIQUE LUÍS DE ARAÚJO MACIEL
Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo
Lápide do Capitão-Mor Henrique Luís de Araújo Maciel. Foto: Adailton Andrade.
Henrique Luís de Araújo Maciel, nasceu em 24 de junho de 1760, filho de Maurício Barbosa de Araújo e Maria do Prado Pimentel, casou-se pela primeira vez com Francisca, filha do próspero sargento-mor Domingos Dias Coelho e Melo. Ouvidor interino da Comarca da Capitania de Sergipe D’el Rey, esteve como membro do Conselho de Governo, órgão que precedeu à Assembleia Legislativa, chegando até a exercer o cargo de presidente do referido colegiado. Por esse tempo, Henrique Luiz de Araújo Maciel e Antônio Luiz de Araújo Maciel requereram ao Imperador D. Pedro I o direito de serem condecorados com a Mercê de Oficial da Ordem Imperial do Cruzeiro ou da Comenda da Ordem de Cristo. Henrique Luiz de Araújo Maciel, entre 1825 a 1828, esteve como membro do Conselho de Governo, órgão que precedeu à Assembleia Legislativa, chegando até a exercer o cargo de presidente do referido colegiado.
Descendente de português e membro de uma família da elite colonial, cônscia de suas origens e de seu status, Henrique Luís de Araújo Maciel, como indicam os documentos, manifestava reverência e fidelidade ao Rei, estando integrado às forças dominante. (Quando ocorreu a Revolução de 1817 em Pernambuco, a capitania de Sergipe Del Rey enviou um contingente de 700 homens, divididos em três forças, com o fim de ajudar a debelar o movimento de tendência republicana: “100 da Cavalaria miliciana de Sergipe, 500 das milícias de Santo Amaro e 100 homens da cavalaria miliciana de Santo Amaro”.13 São informações importantes diante da carência de estudos específicos sobre a participação dos sergipanos na Revolução de 1817.
Por esse tempo, Henrique Luiz de Araújo Maciel e Antônio Luiz de Araújo Maciel requereram ao Imperador D. Pedro I o direito de serem condecorados com a Mercê de Oficial da Ordem Imperial do Cruzeiro ou da Comenda da Ordem de Cristo. Mas o presidente Manoel Fernandes da Silveira, ao ser consultado, manifestou-se contra. Sobre o primeiro, considerou sua pretensão sem fundamento. Teria “conduta não abonada, sem título legítimo, e que fora promovido sem que o capitão-mor efetivo estivesse completamente inábil”.30 Quanto a Antônio Luiz de Araújo Maciel, disse que a “pretensão do suplicante não” [era] “apadrinhada por Lei” e “seu merecimento patriótico não” [era] “ilibado na opinião pública.
Incorporado
a esse clã, Henrique Luiz de Araújo Maciel cedo participou de intervenções
truculentas do grupo familiar. Em 1796, integrou a ação armada promovida pelo
seu sogro, o sargento-mor Domingos Dias Coelho e Melo, no sentido de forçar o
seu vizinho Timóteo Fagundes Souto Maior a se retirar de suas terras para
outras mais distantes. Como Ouvidor da Comarca de Sergipe interino em 1804/5,
Henrique Luiz de Araújo Maciel denunciou à Rainha o famoso criminoso Bento José
de Oliveira, resultando na prisão deste cidadão, fato que o projetou como homem
destemido e forte. Além de contar com o apoio de importantes senhores rurais,
Henrique Luiz vivia no Engenho Desterro, que era considerado um verdadeiro
quartel.
Tempos depois, em 1822, Capitão-Mor Henrique Luís faleceu e foi velado com todas as honras, tendo sido enterrado diante do altar da Capela-Mor da Ordem Terceira de São Francisco em São Cristóvão/SE, hoje Museu de Arte Sacra, diante do arco do Cruzeiro entre os altares de Nossa senhora Conceição e Nossa Senhora do Amparo. Foi capitão-mor na Capitania de Sergipe D’el Rei, homem influente no cenário político da epoca.Viveu 62 anos deixando um legado na história política de Sergipe pouco estudado.
A memória do capitão Henrique Luis encontrou seu último refúgio em um espaço para o qual os holofotes das políticas públicas de preservação dos bens culturais têm se voltado, principalmente após a inscrição da Praça São Francisco na Lista do Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 2010 , e o Museu de Arte Sacra bem cuidado sempre preservando e divulgado fatos curiosos ainda pouco estudado, fazendo com quer chame atenção esse fato seja mais um objeto de curiosidade de visitação. O que chama atenção do turista, visitante são as discrições na lápide, cavaleiro confesso da Ordem de Cristo.
A Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, herdeira direta dos templários absolvidos de suas acusações em Portugal, foi fundada no ano de 1319. Élize Louis de Montagnac esclarece que “os Templários Portugueses e os Templários Espanhóis, reconhecidos como inocentes, foram absolvidos pelo bispo de Lisboa e pelos Concílios de Tarragona e de Salamanca”.
É conhecido pelos estudiosos que a Ordem de Cristo nasceu com a Ordem de Montésa a partir da extinção de Poderosa Ordem do Templo e que preservou finalidade idêntica a sua predecessora, pois uma vez extinta a Ordem dos Templários, houve a necessidade de realocar os bens deixados por ela em Portugal e também continuar suas obras. A Ordem foi sediada na Vila de Tomar e adotou como símbolo a Cruz de Cristo, que segundo Antônio Luiz M. C. Costa seria “uma versão modificada da Cruz Templária”. Assim explica o referido: “Dentro da cruz pátea vermelha (modificada como cruz potenteia, terminada em barras) foi inserida uma cruz branca, que se diz representar a inocência dos Templários, seus antecessores”.
Segundo os estudos de Dom Evandro Monteiro de Barros Jr, O primeiro foi o Infante D. Henrique, que utilizou a riqueza da Ordem para financiar as primeiras expedições marítimas lusitanas. A influência da Ordem de Cristo era tamanha por causa dos descobrimentos lusitanos no ultramar que ela foi incorporada aos símbolos nacionais em Portugal. Em Portugal havia peculiaridades interessantes aos que desejassem adentrar a Ordem, apresentadas por Luiz da Silva Pereira Oliveira que escreve : Os aspirantes a esta illustre Cavalleria, tanto que obtiverem a Mercê do Habito, devem fazer petição á Meza da Consciencia, e Ordens, declarando nella o seu nome, idade, estado, filiação, naturalidade, e domicilio, bem como o de seus Pais e quatro Avós, e feito o deposito competente, logo se expede Ordem em segredo a hum Cavalleiro, para perguntar ao menos seis testemunhas de probidade, que não sejão suggeridas pelo Habilitando, nem por seus criados, ou parentes dentro do terceiro gráo, e por ellas deve constar, que o Aspirante he maior de dezoito annos, e menor de cincoenta, que não tem aleijão, nem queixa crônica, que o impida de servir a Ordem: que por si, seus Pais, e Avós é pessoa Nobre, sem nota de mecânica; que nenhum deles fora penitenciado pelo Santo Officio, nem commetera crime de leza Magestade Divina, ou humana, e que sua mulher (sendo casado) he contente dele entrar nesta Religião. Essas peculiaridades eram comuns a quase toda "Gran Maestranza de Caballería”. Assim, o procedimento de investigação e os requisitos de ser "nobre de quatro costados", bem como contar com aprovação conjugal, ainda existe em algumas ordens reais espanholas, francesas e germânicas (por influência bourbônica). Ainda escreve em sua pesquisa Dom Evandro Monteiro de Barros Jr, que em 1551 foi estabelecido por bula de S.S. Papa Júlio III, Grão-mestrado único para as Ordens de Nosso Senhor Jesus Cristo e mais outras duas ordens também herdeiras legítimas dos templários: a Ordem de São Bento de Aviz e a Ordem de Santiago da Espada. A referida bula fez do Rei Dom João III grão-mestre dessas três ordens, como leciona João Pedro de Saboia Bandeira de Mello Filho, em parecer ainda no prelo.
Muitos Titulares do Império do Brasil foram membros da Ordem de Cristo como, por exemplo, João Gomes de Melo, o Barão de Maruim , Antônio Dias Coelho de Melo, com Grandeza), este Comendador e aquele, Cavaleiro Professo da Ordem.Em momento oportuno discorrerei sobre os aspectos mais importantes da Ordem de Cristo atualmente no Brasil em artigo próprio a respeito do Grão-mestrado brasileiro desta e de outras Ordens de Cavalaria, pessoas jurídicas de Direito Canônico. Já pesquisado nos relatos dos historiadores sergipano sobre assuntos ligadas as Ordens religiosas, encontramos alguns , o próprio Felisbelo Freire se refere ao nobre cavaleiro Henrique Luis, dando pouca atenção aos serviços que o capitão-mor prestou à sociedade e carregando nas tintas para enfatizar suas contradições no campo político.
Maria Thetis Nunes editou um ofício dirigido pelo “Capitão-mor do Terço das Ordenanças da cidade de São Cristóvão e dono dos Engenhos Desterro e São José, Henrique Luis de Araújo Maciel”, ao “comandante das Armas da Província de Sergipe”, Manuel da Silva Daltro. O documento, localizado pela historiadora no Arquivo Nacional, é revelador da mentalidade de Henrique Luís, um monarquista convicto, temeroso da influência que o secretário Antônio Pereira Rebouças (1798-1880), identificado como republicano e abolicionista, exercia sobre o presidente da província Manuel Fernandes da Silveira (1757-1829). Além disso, demonstrou ser um homem cônscio de sua fidalguia e do lugar de destaque que, por direito, cabia aos aristocratas. Quanto ao segundo engenho mencionado por Nunes, trata-se, certamente, do Engenho São José da Lombada, em Santo Amaro das Brotas. O já citado “Livro de Matrícula dos Engenhos da Capitania da Bahia...”, em suas notas 119 e 243, faz menção ao Lombada, que em princípios do século XIX pertencia a Henrique Luís de Araújo Maciel e, cerca de dez anos depois, já pertencia a Maria Rosa de Araújo e Mello. Infelizmente, não localizei dados que possam confirmar o parentesco entre esses dois proprietários. Continua .....





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Excelente!!!
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