OFS
- A Ordem Franciscana Secular tem suas origens no século XIII, quando
leigos manifestaram o desejo de seguir os passos de São Francisco de
Assis, seu fundador e fonte de inspiração. No início de sua história
vê-se reconhecida pela Igreja como irmãos e irmãs da penitencia. O Papa
Gregório IX em 20 de maio de 1221 aprova a primeira Regra “Memoriale
Propositi” com a primeira denominação Ordem da Penitência. Em 18 de
agosto de 1289 o Papa franciscano Nicolau IV, com a Bula “Supra Montem”
reconhecia São Francisco como fundador da Ordem da Penitência e a
denominava de Ordem Terceira de São Francisco.
No
século XVIII a Ordem Terceira foi duramente atingida com a supressão da
Ordem decretada por José II, Napoleão e outros. Com a Revolução
Francesa os terceiros viram-se fragilizados e pagaram com a própria vida
sua fidelidade a Igreja. Na segunda metade de século XIX a Ordem
Terceira ressurgiu com nova força, fazendo uso da impressa e grandes
personalidades, e muitos santos. O Papa Leão XIII com a Constituição Misericordioso Dei Filius promulgou uma nova Regra em 1884. Ele colocou na
Ordem suas esperanças e preferências e exortou calorosamente que a
propagassem por toda a parte, e novamente a Ordem floresceu. Em 1966 a
Sagrada Congregação dos Religiosos concedeu a Ordem Terceira a
“faculdade de atualizar-se”

O
Conjunto Arquitetônico da Praça e do Convento de São Francisco é um dos mais expressivos
remanescentes dentre os que foram edificados pela Ordem Franciscana e pelas Irmandades
consorciadas na Colônia Portuguesa do Brasil. Em São Cristóvão, a ampla praça criada
à frente da igreja remete claramente a Lei IX das Ordenações Filipinas. Este
fato a torna singular não só entre as demais praças de São Cristóvão - a do
Carmo e da Matriz - como também se comparada com as praças ou adros dos conventos
franciscanos de Penedo, Igarassu e João Pessoa, por exemplo. É a única onde o
Convento se debruça sobre a praça. Os demais se abrem para um adro ou mesmo
para a rua, como em Penedo. Ao mesmo tempo, constitui-se local e objeto
referencial tanto para a vida atual e pretérita da cidade, como para a porção
de arquitetura religiosa na cultura europeia adaptada aos trópicos americanos. Também
sob este aspecto diferencia-se das demais que não possuem essa característica
de forma acentuada como a de São Francisco a lembrar ainda mais a tradicional “Plaza
Mayor” espanhola. Nesse sentido a Praça São Francisco representa um registro
integro e um fenômeno urbano singular no
Brasil, que tem como contexto um período representativo de sua história: a
aliança das coroas portuguesa e espanhola sobre o domínio dos reinados de Felipe
II e Felipe III.

As Ordens Religiosas tiveram papel determinante no processo de formação
da sociedade brasileira no período colonial. Nesse contexto, a história
do Brasil também foi influenciada pelo trabalho dos franciscanos; porém a
ação dos franciscanos não tem sido analisada devidamente apesar de sua
importância histórica e cultural, inclusive para a história da educação.
A descoberta da América possibilitou grande movimento de expansão e
renovação entre os franciscanos no início dos Tempos Modernos, em
especial no que se refere ao processo de catequização e de formação para
atuar nas Missões. No entanto, os franciscanos ocupam pouco espaço não
só na estante de história do Brasil como na história da educação no
Brasil.

São
Cristóvão foi fundada em fins do século XVI, por Cristóvão de Barros, sendo
também nessa época transferida para o local, a sede da capitania do Sergipe
d'El Rey. Em 1636 a cidade foi invadida, assaltada e incendiada pelos
holandeses, só retomando ao controle dos portugueses em 1645. Em 1855, a
capital da província de Sergipe foi transferida para Aracajú. O convento de
Santa Cruz também é conhecido como São Francisco. O terreno onde se encontra o
convento de Santa Cruz foi doado pelo Sargento-mor Bernardo Correa Leitão
através de escritura emitida em 1659. A pedra fundamental para o convento só
foi lançada em 1693. O capital investido na construção foi conseguido através
de esmolas recolhidas entre a população da cidade.

Durante o século XIX as
instalações do convento foram utilizadas pela Assembleia Provincial, bem como
pela Tesouraria-Geral da província. As tropas que foram combater os revoltosos
de Canudos, em 1897, ficaram hospedadas naquele local. A construção ficou
abandonada até 1902, quando foi reformada por frades alemães. Atualmente, o
convento abriga o Museu de Arte Sacra. A igreja possui pórtico formado por
quatro arcos em pedra. O pórtico é fechado por gradil em ferro. Na parte
superior o frontão é formado por volutas e possui nicho em seu centro. Logo
abaixo temos óculo encimado por cornijamento, que neste trecho forma um arco.
Mais abaixo encontramos três janelas de ombreiras decoradas, verga curva,
envidraçadas com vedação em guilhotina. A construção possui torre lateral única
com janela semelhante às anteriores, mas possuindo vedação em treliça. As
janelas sineiras possuem vãos em verga curva. A torre é encimada por coruchéus.
A portada da igreja possui ombreiras trabalhadas em pedra e folhas almofadas.
No interior, a capela-mor possui altar com dossel sustentado por oito colunas
torsas com entalhamento dourado e nicho central.

O arco cruzeiro é realizado em
madeiramento com entalhes dourados e escudo. A nave possui dois altares
laterais com colunas torsas, entalhes em motivos fitomórficos e douramento. As
tribunas possuem balaustrada em madeiramento e o púlpito é realizado em
madeiramento decorado. A separação entre a nave e a capela-mor é feita através
de gradil em balaústres. O coro também possui balaustrada em madeiramento. O
convento está localizado à direita da igreja. A construção possui portada com
ombreiras em pedra, verga curva e vedação em folhas almofadadas. A portada é
encimada por cimalha e escudo. As janelas possuem ombreiras em pedra, verga
curva, cimalha e vedação em folhas almofadadas. No piso superior existem
balcões com guarda-corpo em ferro. O telhado é em duas águas, possuindo
pináculos e cruz. A parte interna possui claustro cercado por arcadas em pedra.
A parte interna dos arcos é decorada com motivos florais, enquanto a externa é
feita quase que somente por motivos geométricos.

O guarda-corpo da varanda
também possui decoração em motivos geométricos. No telhado o beiral é
sustentado por cachorros. Em frente ao convento há um cruzeiro com base de
pedra e cruz de madeira.

Ordens
religiosas – jesuítas, beneditinas, carmelitas e franciscanas – espalharam seus estabelecimentos
por todo o Brasil, mantendo um controle inter-regional, com ordens ditadas pela
metrópole, mas que não as impediu de desenvolver formas originais locais,
sobretudo nos templos franciscanos. Particularmente, os conventos construídos
entre Pernambuco e da Bahia foram analisados e denominados por Germain Bazin
como a “Escola Franciscana do Nordeste”. A autorização para construção de
qualquer igreja, convento ou paróquia no Brasil estava subordinada ao Rei, por
intermédio da Ordem de Cristo, da qual era o supremo senhor. Aprovações de
qualquer obra na colônia aguardavam a resposta de Portugal por longos anos.
Entre outras exigências, havia a preocupação até com a provisão de recursos para
tal. A presença da Ordem Franciscana foi materializada a partir de 1585, com a
fundação do primeiro convento em Olinda, seguindo, após, a implantação de
vários outros. Até a época da invasão do Brasil pelos holandeses, cinco já
existiam. Danificados pelos invasores ao término da ocupação holandesa (após
1650), os conventos foram reconstruídos, ampliados e novas construções foram
retomadas. Em 1657, o Governador Geral do Brasil, Francisco Barreto,
atendendo solicitação dos habitantes de São Cristóvão, aprovou a abertura da
casa conventual da Ordem. Somente no ultimo decênio do século XVII foi lançada
a primeira pedra do Convento e Igreja São Francisco, cujas obras se prolongaram
durante boa parte do século
seguinte.
Continua ...